Alex Alano de Goa para Poa

27/11/2012

Por Juarez Fonseca em 27 de novembro de 2012 em sua coluna no Facebook

♫ Alex Alano foi a Goa, na Índia, para chegar aqui. Explico: ele fez o primeiro disco no fim dos anos 80, andou pelo mundo, liderou a banda Venerável Lama entre 1998, um CD e 2003, a partir de 2004 mais três discos como vocalista do grupo Cidade Baixa, e em 2008 estava numa praia em Goa, ao lado do irmão, quando veio o refrão de uma música. Ali começava a nascer o álbum Redondas, que de lá para cá se desenvolveu com a ajuda dos produtores Gélson Oliveira e Marisa Rotenberg, mais um monte de amigos. Do balaio de 70 músicas saíram as 13 do disco, 13 canções leves, modernas, com melodias coloridas, felizes, e letras bem construídas, boas de cantar. Alano canta suave, com o volume da fala. E como os arranjos são ótimos, sublinhando todo esse clima, o título Redondas não poderia ser mais apropriado. É um disco com equilíbrio zen, de bem com a vida. Diz ele: “Eu queria gravar minhas canções mais ‘easy’, mais relaxadas, mais bem resolvidas harmônica e esteticamente. Que contivessem certa complexidade e originalidade, que pudessem satisfazer minhas exigências de criador, mas que ao mesmo tempo trouxessem nelas a simplicidade de cantar gostoso, da intimidade com a melodia”. Objetivo plenamente alcançado. 

♫ O violão, seguido de um violoncelo, logo um acordeom sutil, conduzem “Céu de Gibraltar”, a faixa de abertura, canção romântica com textura pop e ar de reggae, refrão insinuante – o espírito pop e os refrões pegadores são marcas do disco, assim como histórias de amor sem drama e indagações/considerações filosóficas. “Ondas Vermelhas”, que de certa forma resume a proposta, diz assim: “Tava eu lá no Oriente/ Meditantemente/ Me alimentando de sabores quentes/ Tava numa boa/ Bebericando drinks/ Navegando em links/ Nas areias pink lá do mar de Goa”. Em “Boca”, com a participação da voz deliciosa de Ana Krüger, o tema é esse mesmo, a boca, vista por vários lados. “Olhar”, com a presença do parceiro Orestes Dornelles e o exato flugelhorn de Jorginho do Trompete, evolui com uma marcha-rancho minimalista. Jorginho também se destaca na jazzy “Minha Ela”. “Pra Depois”, que fala sobre viver o momento, tem formato de sucesso radiofônico e chega ao fim com uma flauta que puxa uma fanfarra com tuba e tudo. Sempre boas, as guitarras têm momentos especiais de brilho, como no blues “Nega” e no quase-rock “Densidade Zero” (parceria com Antônio Villeroy). A latina “Polar”, meio salseada, vem com letra em espanhol. “Não apresse o rio, ele corre sozinho”, diz a letra do samba-jazz-bossa “Tão Tá”.

♫ Falou citar duas ou três, mas garanto ser daqueles discos que a gente ouve sem sentir o tempo passar. Candidato certo no próximo Prêmio Açorianos. O time de músicos é redondinho e joga às ganhas do início ao fim: Jefferson Marx (guitarra, violão), Matheus Kleber (piano, teclado, acordeom), Guto Wirtii (baixo) e Mano Gomes (bateria), mais os convidados Paulinho Fagundes (violão), Milene Aliverti (violoncelo), Denise Fontoura (flauta) e o uruguaio Monico Aguilera (arranjos de cordas e metais em três faixas). “Redondas” inaugura o selo Engenho, do próprio Alano, e pode ser comprado no site www.alexalano.com.br.

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